Quando foi a última vez....
Não me lembrava da última vez em que chorei ao ouvir a pregação da Palavra, até que de súbito me veio a memória uma mensagem pregada por John Maxwell numa tarde em São Paulo. Enquanto esse pregador falava sobre a unção de Davi como rei de Israel, quando menino ainda em Belém, eu não pude me conter e chorei aos soluços como uma criança, à medida que ele descrevia a figura e os sentimentos Davi no pasto desprezado pelos homens, e a honra de ser ele o escolhido de Deus para guiar Israel. Não sei se foi o fato de ter me identificado com o sua situação de desprezo, ou a de ser um escolhido de Deus, mas algo neste momento falou profundamente comigo. E em lágrima eu adorava e agradecia conforme cada palavra dita naquela tarde e cada aplicação que o orador fazia com que a história do menino Davi se confundisse com a minha.
Não me lembrava da última vez em que um momento de louvor congregacional tivesse me arrebatado o coração, até que me veio a memória uma canção ministrada por Marcos Witt na noite do mesmo encontro em São Paulo. Enquanto ele ministrava a canção "Yo te busco" de repente aquilo se tornou mais do que uma canção, mais do que palavra, vivi uma das experiência pessoais mais importantes da minha vida num momento de louvor congregacional.
Não me lembrava da última vez em que orei fervorosamente... aliás, de fato nem tenho orado. Hoje ainda não orei. Acho que não tenho ouvido a voz de Deus pelo fato dele também não ouvir a minha. Acredito que nos últimos tempos temos ouvido falar muito um do outro. Até falado um sobre o outro. Mas não um com outro. Essa é a minha percepção.
Não me lembro da última vez que busquei o Rei, em meio as desculpas de estar preocupado com o reino. Mas de que reino eu me ocupo ou me preocupo, será que é o Dele ou o meu?
Não me lembro da última vez que fui honesto. Que fui verdadeiro. Em que não representei um papel de super crente, super pastor, super sei lá o que.
Não estou tendo problemas de memória, acho que o problema são as memórias. Me lembro de agendas e compromissos, números e estratégias, alvos e metas, gente, coisas, deveres, e muito blá, blá, blá. Mas cadê o meu Rei, de fato reinando na minha vida, não me lembro de agir submisso ao designio de um suberano que não fosse o meu próprio ventre.
A quem eu quero enganar. Ou, quem tem se deixado enganar. Não passo de um profissional da fé, com um título espiritual. Que conduz o rebanho, cheio de ambição pela gordura!
Não me lembro de ler e aprender, aprender e aplicar, aplicar, exemplificar e influenciar.
Não me lembro de ter comido hoje! Não me refiro ao pão, mas daquilo que se refere aquele que diz "nem só de pão viverá o homem...".
Estou faminto por esse alimento. Preciso ouvir a voz Dele para me saciar.
(Escrito em 2008, esquecido por um bom tempo, reencontrado e atual em 2016. Postado hoje!).
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